A difícil tarefa do prefeito de Linhares sair da sombra de Zanon

“Um técnico apadrinhado politicamente”, essa pode ser a definição do atual prefeito de Linhares Bruno Marianelli (Republicanos), ao herdar a gestão de um dos mais conceituados caciques políticos do Norte do Estado, o ex-prefeito Guerino Zanon.

Sem protagonismo nem musculatura política própria, Bruno foi alçado ao cargo de prefeito em 1º de abril de 2022, depois da renúncia de Zanon, que ocorrera na noite anterior de 31 de março, após ficar um ano e três meses no seu quinto mandato de prefeito de Linhares.

O motivo da renúncia foi a busca por voos mais altos em sua carreira política, ele se candidatou ao cargo de governo do Estado em 2022, empreitada que disputou e perdeu.

O fracasso de Zanon em 2022, mandou um recado muito importante para o mercado político estadual, pois sua derrota serviu como régua para que este mesmo mercado, avaliassem o tamanho e a influência política de Zanon no tabuleiro eleitoral regional.

O tamanho político de Guerino

Zanon disputou a eleição para Govenador do Estado e ficou em terceiro lugar no primeiro turno. Para os desinformados pode até parecer uma boa posição, mas vamos aos números, já que eles não mentem.

Zanon obteve 7,03% dos votos válidos no primeiro turno da Eleições para Governo do Estado, obtendo com isso 146.177 votos.

Já Manato que ficou como segundo colocado, recebeu 38,48% dos votos, ou seja, 800.598 votos, só para o segundo colocado, Zanon ficou 645.421 votos atrás.

Agora chegamos ao vencedor do primeiro turno Renato Casagrande, ele obteve 46,94% dos votos dos capixabas, isso traduzindo em números chega-se à 976.652 votos, e aí Zanon é atropelado com 770.447 votos de Casagrande, que se consolidou como franco favorito, posição esta que se manteve até o final e garantiu o terceiro mantando de Governador para Renato.

Conclusão, os adversários do grupo de Zanon de onde Bruno Marianelli terá que buscar apoio, reúnem muito mais forças e capital politico que seu padrinho politico.

Contexto histórico X Eleições municipais de 2024

Como analista e consultor político, função que exerço desde 2010, não só números, mas todo o contexto é muito importante para compreendermos o cenário que se desenha a nossa volta.

Guerino passou o bastão para um experiente técnico e conhecedor principalmente da burocracia da máquina pública, mas em contrapartida, um completo anônimo por parte da maioria da população linharense.

Mesmo passados um ano e quatro meses da sua posse, Bruno continua anônimo, ele já assumiu o cargo muito ciente desta “deficiência impopular”, e tem lutado para ganhar protagonismo e musculatura política pessoal, algo que apesar dos esforços tem surtido pouco efeito, dada a falta de empatia em contato com a população, a timidez notável e falta de habilidade interpessoal com o “povão”.

Somado tudo isso, graças as décadas vivendo apenas nos bastidores, ou aliás, atrás de mesas, planilhas, carimbos e papéis, Bruno na minha análise, até pode se tornar mais conhecido, mas o curto tempo que lhe resta, parece pouco para ganhar a simpatia, o carisma e principalmente a confiança do eleitor.

A política não é uma ciência exata, como todos os outros ramos das ciências ela se modifica, se adapta e se aperfeiçoa, mas a mudança das percepções coletiva é bem mais complexa. A torcida do atual prefeito pode até dizer contra minha análise, que Linhares esta com muitas obras em andamento, mas para desgosto de quem defende esta teoria, a quase duas décadas isso não é mais novidade para a população linharense.

Hoje obra é vista cada vez mais, como obrigação e não capacidade de gestão, se tem dinheiro, o gestor tem o dever e a obrigação de fazer obras, se tem dinheiro e não faz é por que é desqualificado.

Obras podem até ajudar, mas a questão pessoal é primordial durante a campanha, e isso o atual prefeito tem um longo caminho a percorrer e um curto período para fazer essa jornada.

A busca por visibilidade

Em sua busca desesperada por conhecimento e popularidade, Bruno está usando tudo que pode, desde a volta da ExpoLinhares (festa popular que sempre aconteceu no aniversario da cidade, mas que já não se fazia a mais de uma década por corte de custo), com artistas pagos a preços de ouro, até a alianças com adversários políticos da gestão que sempre fez parte.

O resultado disso tudo vamos acompanhando atentamente e pelas informações que temos, dentro de pouco tempo começaram a sair as pesquisas de sondagem eleitorais, aí veremos se os esforços de Marianelli estão no caminho certo ou não.

 

Por, Ronaldo Almeida: Jornalista e Consultor Político