Zé do Caixão morre aos 83 anos
Morreu na tarde de ontem ás 15h46, José Mojica Marins, o Zé do Caixão. A notícia foi confirmada pela filha do ator e cineasta, a também atriz Liz Marins.
Zé do Caixão, como ficou popularmente conhecido, estava internado dede o último dia 28 de janeiro, no hospital Santa Maggiore, em São Paulo para tratamento de problemas pulmonares, do qual houve um agravamento do estado clinico, levando o cineasta a óbito decorrente de uma broncopneumonia.
José Mojica, nasceu em São Paulo, em 13 de março de 1936. Foi cineasta, ator, roteirista de cinema e televisão brasileira, se tornando mais conhecido como Zé do Caixão, seu personagem mais famoso.
Ele atuou, escreveu e dirigiu mais de 50 filmes, em sua grande maioria filmes de terror, o que o levou a ser considerado o “pai” do terror nacional, tendo sua obra grande importância para o gênero, influenciando várias gerações.
Embora Mojica tenha sido conhecido principalmente como diretor de cinema de terror, teve trabalhos anteriores cujos gêneros variavam entre faroestes, dramas, aventura, dentre outros, incluindo filmes do gênero pornochanchada.
Mojica desenvolveu um estilo próprio de filmar que, inicialmente desprezado pela crítica nacional, passou a ser reverenciado após seus filmes começarem a ser considerados cult no circuito internacional. Mojica é considerado como um dos inspiradores do movimento marginal no Brasil.
Em todos seus filmes, com exceção de Encarnação do Demônio, José Mojica Marins foi dublado. Na década de 1960, diversos filmes nacionais necessitavam ser dublados, por diversas razões: nitidez de som nas externas e até realçar uma melhor interpretação.
Algumas vezes o próprio ator dublava o seu personagem, mas em outras ocasiões necessitava de um profissional qualificado para um melhor desempenho.
Nascido em uma fazenda pertencente à fábrica de cigarros Caruso, no bairro da Vila Mariana, em São Paulo.
José Mojica Marins ainda criança, passava horas lendo gibis, assistindo a filmes na sala de projeção do Cinema em que seu pai trabalhava, brincava de teatro de bonecos e montava peças com fantasias feitas de papelão e tecido.
Autodidata, montou uma escola de interpretação para amigos e vizinhos e quando tinha 17 anos, depois de vários filmes amadores, fundou com ajuda de amigos, a Companhia Cinematográfica Atlas.
Especializado em terror escatológico, criou uma escola de atores (1956), onde na década seguinte, montaria uma sinagoga (1964), no bairro de Brás, onde fazia experiências com atores amadores, usando insetos para medir sua coragem.
A personagem Zé do Caixão
Mojica Marins criou um personagem popular sem se basear em nenhum mito do horror conhecido mundialmente. “Zé do Caixão”, seu personagem mais conhecido, foi criado por ele em 11 de outubro de 1963, após ser atormentado por um pesadelo no qual um vulto o arrastava até seu próprio túmulo.
Segundo o próprio José Mojica Marins, o nome Zé do Caixão veio de uma lenda de um ser que viveu há milhões de anos no planeta terra que se transformou em luz e depois de anos está luz voltou a terra.
A primeira aparição da personagem foi no filme À Meia-Noite Levarei Sua Alma (1964). Desde então, ele apareceu em diversos filmes, ganhou popularidade e tem sido retratado em diversas outras mídias.
“Certa noite, ao chegar em casa bem cansado, fui jantar. Em seguida, estava meio sonolento, entre dormindo e acordado, e foi aí que tudo aconteceu: vi num sonho um vulto me arrastando para um cemitério. Logo ele me deixou em frente a uma lápide, lá havia duas datas, a do meu nascimento e a da minha morte.
As pessoas em casa ficaram bastante assustadas, chamaram até um pai-de-santo por achar que eu estava com o diabo no corpo. Acordei aos berros, e naquele momento decidi que faria um filme diferente de tudo que já havia realizado. Estava nascendo naquele momento a personagem que se tornaria uma lenda: Zé do Caixão.
A personagem começava a tomar forma na minha mente e na minha vida. O cemitério me deu o nome; completavam a indumentária do Zé a capa preta da macumba e a cartola, que era o símbolo de uma marca de cigarros clássicos. Ele seria um agente funerário”, contou Mojica.
Velório de José Mojica Marins, o Zé do Caixão, será aberto ao público, a cerimônia será nesta quinta-feira (20) no Museu da Imagem e do Som (MIS), a partir das 16h. Mestre do terror brasileiro dirigiu 40 produções e atuou em mais de 50 filmes.
O corpo será sepultado no Cemitério São Paulo, às 12h desta sexta-feira (21).