Após parceria com Renova, viveiro de Belo Oriente (MG) investe em mudas nativas para reflorestamento
O trabalho de restauração florestal empreendido pela Fundação Renova na bacia do rio Doce passa pela capacitação de profissionais e pelo estímulo à economia local, como é o caso das parcerias para criação e fortalecimento de viveiros de mudas nativas na região.
Por meio delas, a Fundação obtém insumo de qualidade para a reparação e os viveiros geram renda e emprego para as comunidades locais. Localizado em Belo Oriente (MG), o viveiro Ouro Verde é um exemplo dessas parceiras: após receber assistência técnica, gerencial e acesso a novas tecnologias, a empresa desenvolveu capacidade para produzir 3 milhões de mudas/ano, e se tornou a maior fornecedora de mudas nativas da Renova.
A produção anual cresceu 10 vezes – de 80 mil mudas, antes da parceria, para as atuais 800 mil. Das cerca de 619 mil mudas plantadas pela Renova em 2020, aproximadamente 333 mil (53%) vieram do Ouro Verde.
“Antes, nosso negócio era pequeno. A gente tinha poucas pessoas trabalhando conosco. Depois da parceria com a Renova, temos em torno de 12 pessoas no viveiro. E, além de estar ajudando essas famílias, também investimos na produção. Conseguimos mais clientes e, para nós, foi muito gratificante.” Marlúcia Bicalho, sócia do Ouro Verde
A história do Ouro Verde começou há 12 anos, quando o casal Silvio Leão e Marlúcia Bicalho decidiu montar um negócio próprio. Optaram por criar um viveiro de mudas clonadas de eucalipto em Belo Oriente (MG), onde moravam, para comercializar a produção junto a fabricantes de celulose da região.
As coisas caminharam bem até que, em 2016, o preço do eucalipto começou a cair e o casal passou a buscar alternativas. Em 2018, foi firmado uma parceria com a Fundação Renova para produção e comercialização de mudas nativas.
O acordo incluía assistência técnica, gerencial, novas tecnologias e apoio financeiro por meio de garantia de compra da produção.
“Encontramos um negócio com boa estrutura, mas desmobilizado, com apenas dois ou três funcionários. Trabalhamos durante 2018 e 2019 com visitas técnicas e cursos in loco, e o Ouro Verde teve a oportunidade de evoluir tecnicamente e gerencialmente”, diz Alex Ferreira de Freitas, consultor da Fundação Renova e especialista em Planejamento e Gestão de Viveiros da Universidade Federal de Viçosa (UFV).
A parceria abriu as portas para que o Ouro Verde tivesse acesso a tecnologias da UFV e Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Marlúcia destaca o uso de tanques residuais (onde todo o rejeito do viveiro é aproveitado em outras culturas), energia solar e coleta própria de sementes. Antes da parceria, o viveiro comprava 100% das sementes que utilizava. Hoje, a coleta própria já supre 80% da demanda. A empresa ganhou em produtividade, qualidade e competitividade.
Além da Fundação Renova e de grandes empresas do Vale do Aço (onde fica Belo Oriente), que já são clientes, o Ouro Verde tem despertado interesse de entidades e empresas internacionais. Recentemente, as instalações do viveiro receberam a visita de representantes de duas grandes empresas colombianas especializadas na área de reflorestamento, que estão estudando parcerias para produção conjunta que atenda aos dois países. O viveiro acabou consolidando uma grande cadeia produtiva de restauração florestal na região.
“Trabalhar com a Fundação Renova e ver o bem que ela está fazendo para as pessoas e o meio ambiente é estar em paz com a gente mesmo. A gente tem a maior satisfação de produzir aqui nossas mudas e saber que o destino delas vai fazer um bem enorme para o planeta”, diz Silvio Leão.
“Acho que o maior legado da parceria entre a Fundação Renova e o Ouro Verde é a valorização do ser humano e o alto conhecimento do potencial de transformação de cada um, desde Silvio e Marlúcia e seus colaboradores até as grandes empresas da região, que viram que podem confiar nos fornecedores da bacia do rio Doce. São pessoas capazes de modificar suas realidades.” Alex Ferreira de Freitas, consultor da Fundação Renova
Os números do Ouro Verde e sua participação na reparação
Criação: 2008
Ano da parceria com a Fundação Renova: 2018
Comercialização anual antes da parceria: 80 mil mudas
Comercialização anual depois da parceria: 800 mil mudas
Capacidade de produção anual: 3 milhões de mudas
Número de empregados: 12
Participação no reflorestamento: das 619 mil mudas plantadas pela entidade em 2020, aproximadamente 333 mil mudas vieram do Ouro Verde