Guerino Zanon: O fim de um ciclo e a dificuldade de reinventar um projeto político
Por, Ronaldo Almeida
O que antes parecia uma liderança inabalável hoje se mostra um projeto político exaurido. Guerino Zanon, cinco vezes prefeito de Linhares e figura dominante na política regional por décadas, enfrenta o maior desgaste de sua carreira e a possibilidade de retornar ao protagonismo, seja como candidato a deputado estadual em 2026, soa cada vez mais distante.
O tempo cobrou seu preço
O tempo, que o transformou em força hegemônica, também cobrou seu preço. Sua base envelheceu, seu modo de fazer política cansou o eleitor e seu grupo perdeu a conexão com os novos anseios do município.
A derrota de seu sucessor, Bruno Marianelli, deixou claro que o “modelo Zanon” chegou ao limite da capacidade de reprodução. O eleitor antes fiel, deu sinais explícitos de saturação.
O cansaço com o velho modo de fazer política
Por anos, Zanon governou ancorado em um estilo centralizador, focado no fortalecimento do próprio grupo político, na manutenção de lealdades internas e na pouca renovação de quadros.
Adversários eram perseguidos e isolados politicamente, servidores públicos eram mantidos à distância dos processos decisórios, e categorias profissionais que ousavam reivindicar direitos enfrentavam retaliações silenciosas ou explícitas, o medo imperava nos corredores das repartições públicas do município.
Servidores públicos, em especial, jamais foram prioridade das gestões de Zanon.
Essa forma de governar, que o manteve no poder por tantos anos, hoje se mostra incompatível com a expectativa de um eleitor que, nas últimas eleições, cobrou abertura, renovação e diálogo, não o fechamento de um ciclo personalista.
Obras que só chegaram com a derrota do grupo político de Zanon
O isolamento de Linhares imposto por Zanon, em relação ao governador do Estado Renato Casagrande, custou caro ao município. Enquanto durou o distanciamento político, diversas obras estruturantes permaneceram anos apenas no papel.
A ponte Interlagos x Aviso: Símbolo do que Zanon não conseguiu entregar
A obra mais emblemática é a ponte que ligará os bairros Interlagos e Aviso, um sonho antigo, discutido há décadas, mas nunca concretizado sob nenhuma das gestões de Zanon. Com investimento superior a R$ 40 milhões, a ponte está sendo executada graças a uma parceria direta entre a Prefeitura e o governo estadual.
A nova Rodoviária: Outro projeto histórico destravado
Outro exemplo é a nova Rodoviária de Linhares, planejada para atender centenas de milhares de passageiros por ano, integrada à malha urbana e ao aeroporto. O terminal, finalmente lançado e em execução, também só avançou porque o município voltou a integrar o circuito de investimentos do Estado.
Lucas desmonta o isolamento herdado e Linhares volta a avançar
A chegada de Lucas Scaramussa à Prefeitura reverteu o isolamento político que marcou o último ciclo do grupo de Zanon. Com diálogo direto com o Palácio Anchieta, Lucas passou a operar como um gestor municipal alinhado ao planejamento estadual e isso transformou a agenda de obras da cidade.
O resultado aparece rapidamente
- Obras estruturantes retomadas ou iniciadas
- Convênios destravados
- Recursos finalmente chegando a áreas historicamente paralisadas
- Linhares recolocada no mapa das prioridades estaduais
O contraste é evidente: Enquanto, nos tempos de Zanon, o enfrentamento permanente ao governo estadual isolou Linhares e atrasou investimentos, a nova administração se beneficia da reconstrução institucional e transforma velhas demandas em entregas concretas.
O relógio virou contra Zanon
Nos bastidores, e nos campos de bocha, terreno há décadas frequentados por Guerino Zanon, ele tenta se movimentar politicamente para 2026, mas enfrenta um cenário hostil.
O desgaste acumulado, rejeição crescente e perda de protagonismo local.
E ainda mais grave, mesmo que não tão percepitivel para o eleitor comum, é que hoje ele sofre comparações desfavoráveis com a atual gestão, que, em menos tempo, conseguiu viabilizar obras que ele, mesmo com cinco mandatos, jamais tirou do papel.
A era Zanon, de hegemonia quase absoluta, perdeu a força gravitacional.
Hoje o que se percebe é que Linhares virou a página e o Estado voltou a olhar para o município.
E o eleitor deixou claro que prefere obras, renovação, diálogo e não o retorno a um modelo político que perdeu a capacidade de entregar.
Ronaldo Almeida: Jornalista e Consultor Político

