Saúde

Hospital Rio Doce em colapso: Médicos denunciam atrasos, residências suspensas e risco à assistência

O Hospital Rio Doce, referência em atendimento de alta complexidade em Linhares, vive uma das crises mais graves de sua história.

Médicos tem reclamado que estão há três meses sem receber salários completos, enquanto turmas de residência médica em Clínica Médica, Cardiologia e Multiprofissional foram suspensas, comprometendo a formação de novos profissionais.

Em uma manifestação pelas redes sociais que tem recebido apoio de vários profissionais da área da saúde, o médico Leonardo Ramos alertou.

“O hospital vive um colapso, três meses sem salário, ensino suspenso e risco à assistência. Junho e julho foram pagos parcialmente apenas 70%. Contas e compromissos não esperam. É impossível manter qualidade assistencial sem previsibilidade e respeito. ”

Ele também alertou sobre a suspensão das turmas de residência em Clínica Médica, Cardiologia e Multiprofissional.

“A Residência Médica é o coração do ensino e da boa assistência hospitalar. Sem ela, perde-se a capacidade de atrair e reter profissionais qualificados, de garantir supervisão constante e de manter um fluxo seguro de atendimentos. Desmontar essa estrutura é um retrocesso grave, afirmou o Dr. Leonardo.

O médico concluiu com um apelo às autoridades e à sociedade

“O Hospital Rio Doce não é apenas um prédio com leitos e equipamentos. É o último elo de esperança para milhares de capixabas que dependem do SUS. Sem transparência, sem diálogo e sem compromisso, o hospital adoece e com ele, adoece toda a região, enfatizou Ramos”.

O estopim da crise

A situação se agravou em 3 de outubro, quando a Fundação Beneficente Rio Doce informou através de nota, a suspenção dos atendimentos da maternidade do hospital.

Na época, o diretor técnico do hospital, Ronaldo José de Souza, justificou que a decisão foi motivada pela falta de médicos plantonistas e pelas dificuldades financeiras enfrentadas pela instituição. “Chegamos ao limite, sem condições de manter a maternidade funcionando, estamos recebendo apenas cerca de 60% do custo real dos atendimentos”, afirmou.

A Secretaria Estadual de Saúde classificou a medida como grave violação contratual e mobilizou equipes para garantir atendimento emergencial a gestantes e recém-nascidos.

Governo anuncia medidas e responsabilizações

Durante a escalada da crise, o Secretário de Saúde, Tiago Hoffman, anunciou ações legais contra a Fundação Rio Doce, incluindo auditorias, representação junto ao Ministério Público e responsabilização individual dos diretores.

Um plano de contingência emergencial foi acionado para garantir continuidade do atendimento obstétrico.

Santa Casa de Vitória assume gestão plena

Na última quarta-feira dia 5 de outubro, a Santa Casa de Misericórdia de Vitória, assinou contrato de gestão plena do Hospital Rio Doce, com autonomia total e prazo de três anos para transferência definitiva dos ativos.

O acordo prevê fiscalização do Ministério Público, manutenção de repasses em dia e expansão de serviços, incluindo radioterapia e futura unidade de quimioterapia.

O desafio agora é restaurar confiança

Apesar da assinatura do novo contrato, os profissionais alertam que o hospital ainda enfrenta atrasos e insegurança, e que é necessário garantir transparência e diálogo para restabelecer a confiança de funcionários e pacientes.

De acordo com outro médico, que se manifestou em anonimato, o Hospital Rio Doce continua sendo o coração da saúde do norte capixaba, essencial para a sobrevivência e formação de profissionais na região.

“Estamos esperançosos com a nova gestão que está em fase de implantação, mas precisamos de celeridade em algumas demandas, pois todos os profissionais têm compromissos pessoais, que estão comprometidos pela falta de pagamento, e precisa-se rever com urgência a questão do cancelamento das novas turmas de residência no hospital, com o risco de comprometermos o atendimento à população e na formação de novos profissionais para atuarem na saúde do norte do Estado”, declarou.