Politica

A Calcinha Preta no meio do caminho para o Anchieta

A ausência simultânea da vice Cris Samorini e do prefeito de Vitória Lorenzo Pazolini, um dos nomes ventilado no mercado político como possível candidato ao Governo do Estado, ainda que em caráter especulativo, escancara os limites entre o legal e o imoral e agita, com ironia e indignação, o cenário eleitoral capixaba.

Vitória, capital capixaba, vive um episódio que, se não fosse trágico para a imagem institucional da administração municipal, poderia facilmente figurar no roteiro de uma comédia política.

Mas o fato é que, o prefeito Lorenzo Pazolini e sua vice, Cris Samorini, ausentaram-se da cidade simultaneamente, sem qualquer aviso oficial à Câmara Municipal ou ao cidadão comum, esse mesmo que paga impostos e, ingenuamente, acredita que na cidade, alguém está “permanentemente” no comando.

A ausência

Enquanto o prefeito viajava em missão oficial ao Maranhão, em um evento voltado à “melhoria da gestão pública”, a vice-prefeita optava por uma jornada mais rítmica, Teresina, Piauí, embalada ao show da banda Calcinha Preta.

Prefeito de Vitória Lorenzo Pazolini e sua vice Cris Samorini, ao embalo do Calcinha Preta

O detalhe, que escapou à formalidade institucional, foi justamente o que mais chamou atenção: a ausência dos dois principais gestores da cidade, ao mesmo tempo, sem qualquer comunicação oficial.

O sumiço do forró

O caso, já apelidado nas redes sociais como “o sumiço do forró”, revela uma face inquietante da política local, a naturalização da irresponsabilidade disfarçada de legalidade.

A Lei Orgânica do Município, no artigo 107, permite ausências de até 15 dias sem autorização da Câmara, mas não legitima o desprezo pelo princípio da transparência, nem autoriza o abandono simbólico da função pública.

Vitória ficou acéfala

A denúncia feita pelo vereador Dárcio Bracarense, que cobrou explicações formais da Prefeitura, escancara uma verdade incômoda: Vitória ficou acéfala. Por horas, talvez dias, ninguém sabia ao certo quem respondia institucionalmente pela cidade. O cidadão, por sua vez, ficou com as perguntas e os memes, que viralizaram nas redes sociais.

“Que clima”

É simbólico que a crise tenha ganhado rosto em um evento cultural, com vídeos da vice-prefeita em clima de lazer durante o que deveria ser seu período de disponibilidade institucional. O contraste entre os compromissos oficiais do prefeito e a agenda recreativa da vice expõe não apenas uma falha de articulação, mas uma crise de credibilidade.

A imagem do Pré-candidato ao Governo

Política é, antes de tudo, narrativa. E a imagem transmitida por esse episódio é devastadora para qualquer projeto eleitoral. A poucos meses do início da pré-campanha ao Palácio Anchieta ganhar corpo, o episódio funciona como uma caricatura precoce das prioridades da gestão.

Ninguém ignora que políticos também têm vida pessoal, mas é do ofício, separar o público do privado, especialmente quando se ocupa o topo do Executivo municipal.

A oposição agradece

Os adversários políticos têm agora não apenas munição para os debates eleitorais, mas um símbolo, e símbolos, como se sabe, valem mais que estatísticas em ano de eleição.

Mas o problema vai além da conveniência dos adversários. Ele toca o cerne da responsabilidade pública. A cidade de Vitória não pode ser gerida sob a lógica de agendas pessoais, de improvisos ou de ausências silenciosas.

A legalidade fria não é escudo para a falta de compromisso ético, nem para a quebra de confiança com a população.

Faltou prudência. Faltou sensibilidade. Faltou comunicação. E, acima de tudo, faltou o essencial em qualquer gestão pública séria: Respeito.

Vitória merece mais do que discursos bem ensaiados e selfies de viagens. Merece liderança. Presença. E, se possível, menos holofotes com trilha sonora, e pelo que tudo indica, o prefeito e sua vice, colocaram as eleições do ano que vem no ritmo do forró errado.