O Efeito Arnaldinho para 2026
Por, Ronaldo Almeida
O cenário político capixaba ganhou, nesta semana, um novo ingrediente, a entrada definitiva de Arnaldinho Borgo, prefeito de Vila Velha, no tabuleiro da sucessão estadual. O convite oficial do presidente nacional do PP, Ciro Nogueira costurado pelo Depuado Federal Da Vitória, para que Arnaldinho se filie ao partido nos próximos dias não é apenas um gesto protocolar.
É o aval de Brasília para que o prefeito comece a se mover de forma mais ousada, mirando diretamente o Palácio Anchieta em 2026.
Arnaldinho, o nome em ascensão
Com discurso de gestão eficiente e de proximidade popular, Arnaldinho vem costurando apoios silenciosos e acumulando capital político. Sua filiação ao PP garante duas peças essenciais, legenda robusta e estrutura nacional.
Ele passa, oficialmente, a ser tratado como potencial candidato ao governo, algo que já estava nos bastidores, mas agora ganha selo público.
Da Vitória, o fiador
O deputado federal Da Vitória, presidente estadual do PP, é o fiador dessa operação. Foi ele quem alinhavou a costura com Ciro Nogueira e agora dá o tom, “Arnaldinho terá toda a segurança” para disputar, desde que prove viabilidade. Da Vitória, por sinal, também é nome colocado no jogo majoritário.
Mas, com habilidade de quem sabe se mover no meio das engrenagens, vai mantendo sua posição sem confronto direto. Ao mesmo tempo que empurra Arnaldinho para a vitrine, preserva para si uma porta aberta ao Senado ou até ao próprio governo, caso o tabuleiro mude.
Ferraço e Casagrande: o eixo palaciano
Enquanto isso, o vice-governador Ricardo Ferraço (MDB) segue como aposta prioritária do Palácio Anchieta para a sucessão. O governador Renato Casagrande (PSB), mesmo entre gestos de hesitação pública, articula nos bastidores para garantir que Ferraço seja o herdeiro natural.
Arnaldinho, nesse contexto, pode ser tanto aliado quanto concorrente, a depender da forma como a superfederação União Progressista (PP + União Brasil) decidir se comportar em nível nacional.
Euclério, Marcelo Santos e a disputa pelo Senado
No mesmo movimento, surge o prefeito de Cariacica, Euclério Sampaio (MDB), sondado para se filiar ao União Brasil. O objetivo é pavimentar caminho para o Senado. Mas a fila está congestionada: Da Vitória também quer essa vaga, assim como outras lideranças, de Maguinha Malta (PL) a Leonardo Monjardim (Novo). A cadeira única no Senado virou o prêmio de consolação e de disputa feroz, para quem não alcançar o governo.
Pazolini e a direita de olho na janela
No campo oposicionista, o prefeito de Vitória, Lorenzo Pazolini (Republicanos), se posiciona como o nome mais natural da direita para enfrentar o grupo palaciano. Se a União Progressista desembarcar do governo federal e se alinhar à oposição, Arnaldinho pode perder espaço, empurrado para um dilema: disputar contra o próprio campo aliado ou virar peça secundária num jogo maior.
O efeito em movimento
O “efeito Arnaldinho” não é apenas a sua possível candidatura. É o rearranjo que sua entrada provoca: pressiona Ferraço, movimenta Casagrande, abre dilema para Da Vitória e Marcelo Santos, congestiona o Senado e obriga Pazolini a recalcular sua estratégia. Cada gesto do prefeito de Vila Velha, a partir de agora, gera ondas que se espalham pela engrenagem de 2026.
No fim das contas, a política capixaba vive o paradoxo descrito nos corredores de Brasília: “tudo certo, nada resolvido”. Arnaldinho sai maior dessa rodada, mas a mesa continua cheia e ninguém está disposto a ceder o lugar.
Ronaldo Almeida: Jornalista e Consultor Politico